Vila da Ribeira Brava, 23 Fev (Inforpress) - O “Copa Cabana” e o”Estrela Azul” maravilharam o grande público que assistiu aos seus desfiles da madrugada de domingo e do anoitecer desse mesmo dia com uma beleza e fantasia contagiantes.
O contrário não seria de esperar, já que a capacidade criativa dos artistas desses dois grupos já habituou os sanicolauenses com um carnaval de muita beleza e qualidade.
O que os fãs e os admiradores desse sui generis carnaval sanicolauense não compreendem é o facto de os seus promotores, criadores e artistas não darem o devido valor ao trabalho que fazem, pois, preparar-se e trabalhar no duro durante um mês para um desfile de poucas horas numa festa de três dias e nas horas mais impróprias nem ao diabo lembraria.
Porque na madrugada todo o povo não está presente para apreciar a sua arte e, à noite, com as ruas mal iluminadas, a sua beleza fica meia às escuras.
Nesses períodos de desfile, nenhum fotógrafo tira uma boa fotografia, nenhum camara man, por mais ágil e bom que seja consegue captar uma boa imagem. Depois vem as más e escassas imagens nos ecrãs dos nossos televisores, emitidas pela nossa TV, e as pessoas barafustam-se porque queriam ver coisa melhor.
Este ano, toda a gente, incluindo os dirigentes dos grupos, acreditava que seria diferente, pois os grupos sairiam na noite de sábado. Em concertação com a Câmara Municipal, marcaram-se horários de saída e da entrada no Terreiro (largo da Igreja Matriz), fez-se propaganda, as pessoas se convenceram e a expectativa, está claro, aumentou. Pura ilusão. Os mesmos atrasos, a mesma irresponsabilidade dos últimos anos. Meia noite, ainda um dos grupos estava a costurar.
O desfile do outro grupo poderia até começar antes da hora marcada, porque os trajes estavam prontos. Quem, entretanto, não estavam prontos eram os figurantes. Cada um escolheu a sua própria hora para se apresentar no local onde deviam vestir-se, não obstante os insistentes apelos dos responsáveis dos grupos feitos ao longo dos dias da preparação do carnaval no sentido de respeitarem os horários.
Na madrugada de domingo, quando os dois grupos entraram no Terreiro os ponteiros do relógio já caminhavam para as quatro horas de madrugada.
Com a dimensão que o carnaval sanicolauense atingiu nos últimos anos, certos aspectos da organização dessa grande manifestação cultural começam a sair do controlo das direcções dos grupos, às quais faltam pulso para imporem a sua autoridade.
Se alguns anos atrás nem o “Copa”, nem o “Estrela Azul”, conseguia pôr nos seus desfiles, quiçá, mais do que oitenta figurantes, nos últimos cinco anos cada um deles, sobretudo o primeiro, tem desfilado com perto de trezentos figurantes.
Organizar um desfile 50 ou 80 figurantes não é organizar um desfile de 300 figurantes. A capacidade organizativa e a autoridade tem que ser, naturalmente, muito maiores.
CH
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