Vila da Ribeira Brava, 01 Jun (Inforpress) – Manuel de Pina Fernandes é o melhor aluno do 12º. ano do liceu “Baltazar Lopes da Silva”, da vila da Ribeira Brava, e sonha ser primeiro-ministro, para “ajudar Cabo Verde a desenvolver-se”.
Mora na vila do Tarrafal e no segundo semestre destacou-se no quadro de honra com a média de 17 valores.
O jovem estudante tarrafalense confessa que não dedica aos estudos mais que uma ou duas horas diárias e que o seu segredo em ser um bom aluno reside na atenção que presta nas aulas às explicações dos professores.
Levanta-se da cama todos os dias por volta das 05H20, porque mora a 26 quilómetros da vila da Ribeira Brava, onde se lecciona o terceiro ciclo.
Com 19 anos, esse aluno do liceu “Baltazar Lopes da Silva” já poderia ter completado o ensino secundário, mas imperativos da vida familiar prejudicaram-lhe nos estudos.
Disse que na fase do Ensino Básico Integrado (EBI) ficou um ano sem frequentar a escola. Foi no ano em que acompanhou o pai à ilha do Maio. Este é operário de máquinas de uma empresa de construção civil que naquele ano tinha uma obra para executar em território maiense.
Das disciplinas que tem, considera ser seu ponto forte a sociologia, cuja média no segundo semestre foi de 19 valores. Disse que a disciplina de português constitui o seu ponto fraco, uma vez que tem alguma dificuldade em matéria de interpretação, particularmente, da poesia.
O jovem estudante tarrafalense já escolheu o curso que pretende fazer depois de terminar os estudos liceais. A opção é clara: Relações Internacionais. “Desde pequeno, gosto desse ramo”, sublinha.
Como segunda opção, aponta uma formação em ciência política. Tanto gosta da política que sonha ser primeiro-ministro, “para ajudar Cabo Verde”.
Os estudos de Manuel Fernandes não estão a ficar muito baratos para os bolsos do pai.
Só em transportes (Tarrafal/Ribeira Brava/Tarrafal) tem uma despesa mensal de sete mil escudos.
No décimo primeiro ano, as notas mais elevadas do liceu “Baltazar Lopes da Silva” obteve-as Maryzette Monteiro Soares.
Esta aluna da localidade de Fajã, no segundo semestre, destacou-se no quadro de excelência com a média de 18,71 valores.
Maryzette obriga-se ao sacrifício de fazer o percurso Fajã/vila da Ribeira Brava/Fajã todos dias, perdendo um tempo que poderia utilizar para o estudo ou o descanso.
Considera-se uma aluna aplicada desde que entrou na escola, aos sete anos de idade.
O tempo que dedica aos estudos varia entre duas a três horas diárias. Normalmente, levanta-se da cama por volta das 06H00. Na época dos testes, madruga um pouco, porque costuma descer da cama antes das cinco horas.
Maryzette, que já completou 18 anos de idade, informou à Inforpress de que ela ainda não tem definido o curso que irá fazer depois de terminar o liceu, porque há “pouca informação” sobre os ramos de formação existentes.
Disse que, inicialmente, estava inclinada para o jornalismo, mas acabou por pôr a ideia de parte, porque é uma profissão que requer “preparação e disponibilidade” e não sabe se estará à altura de a exercer.
Maryzette revela, entretanto, um desejo: gostaria de vir a ser ministra da educação de Cabo Verde, a fim resolver “algumas falhas”que na opinião dela existem no sistema do ensino.
A título de exemplo, informou que a sua turma tem dois “furos” semanais e não há nenhum programa escolar para a sua ocupação.
Outra preocupação dessa aluna de Fajã prende-se com a ocupação dos tempos livres dos jovens. Disse que depois do período que dedica aos estudos é obrigada a sentar-se à frente da televisão, porque não há outras opções.
Na opinião de Marizette Soares, o Ministério da Educação deveria preocupar-se também com os tempos livres dos estudantes, criando, por exemplo, escolas de música, dança e desporto.
CH
Inforpress/fim