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S. Nicolau: Campanha protecção tartarugas inicia-se este ano mais cedo

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Vila da Ribeira Brava, 02 Jun (Inforpress) - A campanha da protecção das tartarugas no município do Tarrafal de São Nicolau inicia-se, este ano, mais cedo e prolonga-se por um período de quatro meses, em vez dos três meses (Julho/Agosto/Setembro) tidos como o período da nidificação desses animais marinhos nas praias de Cabo Verde.

Este ano, a campanha da protecção das tartarugas nas praias tarrafalenses inicia-se em meados de Junho e termina em meados de Outubro.



José Cabral é quem coordena a referida campanha a nível do município do Tarrafal e justifica a antecipação dessa actividade com o facto de já, neste mês de Maio, se ter constatado a saída de algumas tartarugas nas praias daquela região para as posturas.

Disse que desconhece as razões dessa mudança de comportamento por parte desses animais marinhos, embora deduza que o motivo seja ditado por alterações climáticas.

Conforme o relatório do Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas (INDP) referente à Campanha Nacional para a conservação das tartarugas marinhas em Cabo Verde, realizada em 2008, o município do Tarrafal, na ilha de S. Nicolau, “possui a maior população de tartaruga desovante, Caretta caretta, em comparação com as outras ilhas (S. Vicente e S. Antão) da região Norte de Cabo Verde”.

“S. Nicolau passa a integrar o grupo das ilhas mais importantes para as posturas de Caretta caretta em Cabo Verde, depois da Boavista e a par com Sal e Maio”, acrescenta o documento.

O relatório do INDP refere que, em 2008, a campanha de fiscalização em S. Nicolau abrangeu um total de sete praias, nas quais foram identificados 354 ninhos de tartarugas, 969 rastros e 6 capturas.

Conforme José Cabral, em S. Nicolau existem cerca de dez praias onde se registam posturas de tartarugas, sendo as de “Baixo de Rocha”, “Praia Grande” e “Barril”,todas no município tarrafalense, as mais importantes em termos de nidificação.

Esse responsável informou que nesse município a campanha para a protecção das tartarugas iniciou-se em 2005, mas foi em 2007 que se tomou essa actividade a sério.

Referindo-se ao efeito dessa campanha na defesa e preservação desses animais marinhos, disse que em 2007 não mais que seis animais foram mortas nas praias tarrafalenses, enquanto que em 2006 registou-se um “holocausto” em termos de mortandade.

O coordenador da campanha da protecção de tartarugas no município do Tarrafal mostra-se optimista quanto à consciencialização da população sanicolauense em relação à protecção e defesa das tartarugas, porque em S. Nicolau, ao contrário dalgumas das outras ilhas de Cabo Verde, a captura das tartarugas não é encarada como actividade económica.

José Cabral explicou que nesta ilha a captura desses animais marinhos constitui uma “questão meramente tradicional”.

“Curiosamente, as pessoas que vivem junto ao mar em S. Nicolau não comem tartaruga”, ressalta.

Segundo José Cabral, a carne da tartaruga nesta ilha é usada em paródias e por pessoas que vivem nalguns povoados do interior da ilha, como são os casos de habitantes de Praia Branca e Fragata, que compram as tartarugas capturadas nas praias de Barril e Praia Grande, e pessoas de Juncalinho que consomem a carne das capturadas no Carriçal.

O plano para a campanha de protecção das tartarugas referente ao ano 2009 no município do Tarrafal já foi elaborado e pronto para ser remetido à Direcção Geral do Ambiente.

José Cabral fez saber à Inforpress que o seu orçamento atinge os dois mil e 500 contos, mas que mais de metade (perto de mil contos) desse montante destina-se ao pagamento dos guardas que irão fazer a vigia das praias.

Além de vigias das praias, o plano contempla campanhas de informação, educação e sensibilização das comunidades em relação à problemática das tartarugas. As campanhas serão realizadas a nível das escolas e das comunidades em geral.

Quanto aos financiadores, José Cabral disse que, basicamente, a Câmara Municipal do Tarrafal é que tem financiado as campanhas de protecção de tartarugas naquele município, mas para a deste ano esperam obter algum financiamento externo.

Com relação à participação do INDP nessas campanhas, informou que esse instituto tem dispensado apoio técnico.

CH

Inforpress/fim

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