Meteorologia

OPINIÃO - Com que então Guarda – Cabeça, hein!!

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O ano de 2009 foi pródigo em águas caídas do céu por todo o Arquipélago e, em quase todas as ilhas, de certa forma severas, desde o 24 de Agosto até 20-21 de Outubro. Durante esse período, todos devem estar certamente lembrados, choveu todos os dias. Quando não era numa ilha era noutra. Mas a severidade, de facto, das bátegas, aconteceu em dias bem evidenciados, designadamente 24 de Agosto, dias 09 e 18 de Setembro e, finalmente, de forma catastrófica, caso da ilha de São Nicolau, a 20 – 21 de Outubro. Por: VINICULA DOS SANTOS.

Com o chão já completamente encharcado, incapacitado de receber mais uma gota de água sequer, a chuva “debangada” durante horas seguidas e de forma impiedosa no regaço e lombo da Ilha de São Nicolau, quase que de forma ininterrupta, desde cerca das 18h, foi aumentando de intensidade até atingir o pico aterrorizador cerca da meia noite - meia noite e um quarto.

E veja-se: a unanimidade das pessoas sobre esse período em que durou essa chuva diluviana, acompanhada dum infernal ribombar de trovões, chispando raios medonho a torto e a direito, é incontestável. Foi essa queda de água das chuvas de forma torrencial que violentou e traumatizou, de forma impiedosa e aterradora, a consciência e a moral do humilde Povo da Ilha.

Sendo assim, passado esse aziago período, até era natural de se esperar, certamente por pessoas conscientes e interiorizadas com as reais prioridades que no momento se impunham às autoridades locais para a Ilha, quer em termos de desencravamento das localidades que se encontravam isoladas por tenebrosas derrocadas e enxurradas ocorridas, quer procurando repor a normalidade de funcionamento um pouco por todo o lado, mormente na Vila da Ribeira Brava, de certeza a mais afectada, que as festas do Município a 6 de Dezembro não tivessem lugar, a não ser de forma quase simbólica.

No entanto, i) porque todos os dias 6 de Dezembro, dia do achamento da Ilha por Diogo Gomes, no longínquo ano de graça de 1462, cognominado o dia do Senhor São Nicolau, foi sempre comemorado, com a religiosidade e sumptuosidade possível, como o dia do seu Santo Padroeiro, quem sabe desde o inicio do seu povoamento e implantação nela do clero para ministrar a fé cristã; ii) porque desde as primeiras eleições autárquicas passou-se a comemorar o Dia do Município (único até há bem pouco tempo) de São Nicolau (hoje a ilha do dragoeiro tem 2 Municípios – o da Ribeira Brava e o do Tarrafal) no mesmo dia 6 de Dezembro; iii) e porque, com toda a razão, era lógico que alguma coisa haveria de ter em homenagem a esse dia, era, no entanto, fundamental que houvesse uma introspecção à nossa existência recente, uma profunda reflexão, em retrospectiva, sobre os factos ocorridos cujo quadro quase dantesco estava ainda bem vivo na memoria de todos; iv) enfim, …

Ora, sendo o Edil Ribeira-bravense um homem com conhecimentos sólidos e amizades sérias q.b., resolveu encetar contactos a diversos níveis, no sentido de, em alguns casos, sem custos e, em tempo recorde, elaborar um programa factível, tendo em vista, como não podia deixar de ser, a comemoração do dia do Município. Num estalar de dedos a equipa começou a funcionar. E um dos grandes objectivos era procurar fazer deslocar e congregar muita gente em São Nicolau, a maior parte de borla, em franca solidariedade para com o Município de Ribeira Brava e sua gente. E assim foi. Com indesmentível assentimento de gente de todo o lado (do estrangeiro, do País e, mormente, local), das mais diversas áreas, sentiram-se afoitados e acabaram elaborando um bonito e factível PRO-GRA-MA, baseado em eventos e actos culturais, desportivos e recreativos, paralelamente abrilhantados pelos tradicionais actos religiosos, que muitos, gente atenta, séria, despida de preconceitos, não titubearam em classificar como uma das grandes se não das melhores comemorações do Dia do Município de Ribeira Brava.

Conforme tempestivamente anunciado, as actividades iniciaram-se a meio do mês de Novembro, marcadamente com torneios de futebol, workshop, entrega de casa social, exposição de pintura, inauguração de Cacifo para Pescadores na Preguiça, etc. O mês de Dezembro arrancou com a iluminação da placa desportiva no Cachaço e continuou até o dia “D” – 6DEZ - com ligação de agua domiciliaria em Morro Brás, noite cultural com Juventude em Marcha, inauguração do Centro de Formação Profissional em Caleijão, lançamento do CD do filho da Terra, o João Eugénio, em Homenagem a outro Sanicolauense o malogrado Tony Marques, num espectáculo digno dos maiores encómios, levado a efeito no Largo do Terreiro, na altura, quase completamente recuperado das enxurradas que o assolaram, sem tréguas, nas várias cheias que não pouparam a Vila. O culminar de toda a gama de comemorações veria o seu desfecho, em alta, nos dias 5 e 6, com todos os estabelecimentos de hospedagem da Vila completamente cheios, por conseguinte um bom período de negócio turístico, com as caravanas desportivas e gente de vários pontos do País e da diáspora.

Finalmente, no Domingo, 6 de Dezembro, as actividades comemorativas terminariam com uma Sessão Solene no Salão Nobre da Câmara Municipal e logo de seguida uma Gala de Campeões, uma verdadeira festa, onde foram entregues troféus aos Vencedores. Houve discursos da praxe, entrega de cheque, etc. Distinguiu-se no acto o discurso do Deputado Municipal pela bancada do MpD, Pedro Morais. É mesmo assim. Não se deve negar o inegável.

Por tudo isso, certamente, o Município da Ribeira Brava evidenciou-se. Deu mostras de grande capacidade de organização e de saber fazer. E com limitadíssimos recursos. Porém, antes de terminar, não poderia deixar de enaltecer os escribas da adversidade pela mordacidade que teimam em fazer passar, de forma pérfida, com o intuito mor de desinformar os mais incautos, no Boletim de propaganda local do MPD.

Na sanha de em tudo acharem defeitos que só eles conseguem ver, não se coibiram de classificar esse rol de actividades comemorativas e acções levadas a cabo durante o período decorrente de meados de Novembro a 6 de Dezembro de 2009, de Guarda Cabeça.

Enalteço e, sinceramente, aplaudo essa grande visão do PAICV em São Nicolau, porque só quem faz Guarda Cabeça quem é capaz de Parir. Este ano a equipa do Meca fez guarda cabeça do menino que nasceu nas Eleições Autárquicas de 18 de Março/2008 (a grande vitória do PAICV), para o ano será o baptizado e em 2011 o seu casamento. E, a partir daí, …

Em São Nicolau, e deve essa gente saber isso, os Rancodjes câ tâ pari. Quim câ tâ pari, câ tâ fazê Guarda Cabeça. É uma pena. Mas é a lei natural das coisas.

P.S.- Diria a todos quantos contribuíram para que as festas do Município de Ribeira Brava tivessem o sucesso e brilho que tiveram, Congratulations.

Próspero 2010 a todos.

Espargo, 22/12/2009 VINICULA DOS SANTOS Deputado Municipal - Rª Brava


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