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Madeira: dez universitários cabo-verdianos regressam hoje às aulas

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Adilson Moreira é um dos dez estudantes cabo-verdianos que hoje regressam à Universidade da Madeira, depois do seu encerramento forçado pela tragédia natural há uma semana. E confessa: “Tive tanto medo que me apeteceu fugir para Cabo Verde”.

Adilson, 26 anos, viu a sua universidade alagada e foi a caminho da residência universitária, a cerca de 20 minutos de autocarro, apercebeu-se da catástrofe. “Nós estamos todos bem”, disse pelo telefone ao asemanaonline, considerando que os poucos cabo-verdianos que vivem na ilha se sentiram muito sozinhos. “Outros países andavam à procura dos seus, a nós ninguém nos contactou”, reclama.

Após dois dias, as comunicações foram retomadas e Adilson telefonou à sua avó na cidade da Praia e seu único familiar, depois dos seus pais terem ambos morrido em Lisboa. “Ela está muito preocupada!”, disse.

Além dos dez estudantes (cinco rapazes e cinco raparigas), há na Madeira três dezenas de cabo-verdianos que vivem em vários pontos da ilha e são muito antigos. “O único sítio onde temos ligação é o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, que neste momento até tem sido tolerantes connosco, apesar de já nem termos documentos”, contou.

Este estudante disse que ele e os seus companheiros estudam por conta própria. Estão nos cursos de engenharia informática, electrónica, economia e gestão. Encontram-se na Madeira ao abrigo de um protocolo de cooperação que acabou e por causa disso não puderam pagar as propinas. Alguns têm de trabalhar em construção civil ou a vender coisas por conta de lojas, para conseguir pagar os estudos, pois nenhum possui bolsa.

Adilson Moreira revela que ele e os colegas fizeram demarches junto do reitor da Universidade, mas até agora nada. Esse facto atrasou a divulgação das notas de alguns e outros ficaram “clandestinos”, sem documentos válidos. “Nós não existimos!”

(OL)

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